Eduardo Michelis nasceu no dia 06 de fevereiro de 1813 em St. Mauritz, na cidade de Münster na Alemanha. Em 1826 Eduardo iniciou seus estudos ginasiais. Era o melhor aluno da classe e possuía uma inteligência extraordinária. Era o orgulho de seus pais, a alegria dos professores e o centro dinâmico e animador de colegas e amigos. Era um pensador silencioso e contemplativo.
Michelis era um homem de físico elegante, traços marcantes e expressivos, de trato agradável e equilibrado, impressionava por seus conhecimentos variados e seguros. Era grande amigo da natureza e a cada passo descobria nela os rastros da Mão criadora de Deus. Ainda muito jovem, movido por um impulso interior, optou pela vocação ao sacerdócio, a fim de colocar todas as suas forças a serviço da Igreja. Com seriedade e ardor se dedicou aos estudos de Teologia e em l835 ingressou no Seminário Maior de Münster. Com o correr do tempo seu entusiasmo pela Igreja se tornou mais esclarecido e maduro, sendo então escolhido para ser o capelão e secretário particular do bispo auxiliar de Münster, Clemente Augusto von Droste zu Vischering. Pouco depois de sua ordenação sacerdotal, que fora antecipada, (06/04/1836) Michelis se mudou para a cidade de Colônia.
A situação político-religiosa nessa época da vida de Eduardo Michelis era extremamente confusa e difícil na Prússia, marcadamente na arquidiocese de Colônia. O rei Frederico Guilherme III apoiando-se no direito geral da nação, queria controlar e supervisionar todos os passos da igreja católica, exigindo a submissão dos bispos e além disso, toda e qualquer atividade executada deveria passar pela censura do Estado. Em 1835 após assumir a arquidiocese, Clemente Augusto tomou uma posição radical de confronto em relação as exigências do governo.
Foi então, que em 20 de novembro de 1837, o governo prussiano mandou prender o arcebispo de Colônia e este levou consigo Eduardo Michelis. Ambos foram levados para Minden. De Minden, Eduardo Michelis foi removido para a prisão em Magdeburgo onde ficou até 1840. Depois foi transferido para Erfurt, onde ficou preso por mais um ano.
Durante sua estadia na prisão, Eduardo Michelis tinha o comportamento tranquilo e resignado. Ocupava o dia todo em exercícios de piedade e trabalhos teológico. Além disso, elaborou um livro de orações católicas, escreveu um diário com reflexões sobre sua vida interior e compôs poesias religiosas.
Devido à sua conduta tranquila e inofensiva foi dado aos poucos maior liberdade ao prisioneiro. Esta oportunidade ele aproveitou para se informar a respeito do abandono dos católicos que viviam dispersos naquela região. À medida que obtinha informações mais detalhadas sobre a situação precária dos católicos da Diáspora, foi crescendo nele a convicção que devia ser feito algo com urgência pela causa católica.
Após a morte de Frederico Guilherme III Eduardo Michelis encaminhou ao seu sucessor, Frederico Guilherme IV, uma petição de proceder um inquérito judicial de sua causa e conceder-lhe total liberdade. O requerimento enfim teve o resultado esperado. Por ordem do Gabinete Real foi posto em liberdade e retornou a Münster.
Michelis tinha um carisma especial de perceber as necessidades dos outros. Em Münster não lhe passaram despercebidas as chagas sociais do pós-guerra. Sentiu-se especialmente tocado por ver tantas crianças desamparadas e confiando em Deus e no altruísmo das pessoas, deu início à fundação do novo orfanato. No dia 25 de abril de 1842 foi colocada a pedra fundamental do orfanato. Foram muitas as dificuldades, mas em pouco tempo estava construída a pequena moradia, capaz de acolher 20 órfãs juntamente com suas educadoras. A casa foi inaugurada no dia 03 de novembro de 1842. As primeiras Irmãs com as órfãs fizeram sua entrada. A nova Congregação estava fundada.
O Fundador deu à nova instituição o nome de Congregação das Irmãs da Divina Providência.
Eduardo Michelis, homem inteligente e culto, falava com Deus como a criança fala com seus pais; falava como um discípulo com seu Mestre Jesus. Na celebração diária da Eucaristia, sua atitude era de alguém que vivia intensamente o mistério; sua piedade e o amor impressionava os fiéis. Dizia muitas vezes que “Sem o Santíssimo Sacramento não saberia viver”.
Eduardo Michelis faleceu em Luxemburgo, no dia 08 de junho de 1855, aos 42 aos de idade, em consequência de hemoptise (tuberculose pulmonar), após meses de enfermidade.
Deixou-nos grandes ensinamentos e foi exemplo de fé, perseverança e amor pelos mais pobres.